UMA VISÃO DIFERENTE

Por Florismar

Eu estava presente na manifestação como cidadão, apenas como assistente. Eu era tenente, mas não estava a serviço. Naquela ocasião eu já era professor da Universidade e muitos dos que estavam ali presentes
eram meus alunos na Prática Desportiva, que naquela época era obrigatória. Nunca concordei com aquela decisão. Foi uma violência. Não tive absolutamente nenhuma intervenção e muito menos pratiquei qualquer ação de apoio aquele ato. Foi aquela ação que me motivou a solicitar afastamento da BM. Exatamente após aquele episódio solicitei licença da Brigada para tratar de interesses particulares e nunca mais voltei. Quem comandava aquela ação era o Capitão Luis Carlos da Fonseca, que depois foi expulso da Brigada. (...)
Na época o comandante da 1ª Cia, responsável por isso, era o Cap PM Luis Carlos da Fonseca, "o Fonsequinha". Eu era tenente ainda e já era professor da UFPel (ESEF). Estava presente naquele ato. Mas não estava a trabalho. Assisti tudo, do lado de fora, sem nenhum protagonismo. Naquela época eu era muito
ingênuo e não entendia nada sobre ideologia política. Mas não gostei da forma como o Fonsequinha tratou da questão. No momento em que o Gastal tomou o microfone para se manifestar, foi impedido e preso. Foi o comandante da operação que tomou a iniciativa de avançar, imobilizar e conduzir o Gastal.
Os estudantes estavam sentados no chão da praça em torno da bandeira nacional, assistindo as falas. Pelo que lembro os estudantes não fizeram nada de violência. Apenas cantaram o Hino do Brasil, de forma pacífica, sem
agressões. Aquele episódio me levou a refletir, duvidar e até contestar os ensinamentos sobre "subsersão", "tumulto" e "ordem". Na ocasião fiquei muito chocado e "desnorteado". Em seguida, um ou dois meses depois, me afastei da BM e saí para o mestrado no Rio. Lá descobri o PT (em processo de fundação), aprendi outras versões sobre a ditadura e democracia, li muitas coisas e assumi explicitamente a minha opção militante a partir de um referencial de esquerda. Em 1980 comecei as minhas primeiras leituras do Capital. Em 1982 comecei a militar publicamente no PT, na campanha do Olívio Governador e Frank/Helen para Prefeito de Pelotas.

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