O NOSSO TEMPO É HOJE!

Por João Carlos Gastal Jr.
Queridos amigos, camaradas, companheiros, compañeros, etc.,
Queridas pessoas,
VOU ME POSICIONAR!
Melhor explicando: Venho há vários dias pensando em escrever sobre algumas lembranças, eventos, emoções, pessoas daqueles “anos dourados”. E ainda pretendo fazer isso. No entanto, ao mesmo tempo, num nível meio subconsciente, tinha um “grilinho” que me transmitia mais ou menos a seguinte mensagem: pô, mas além de toda a emoção, todo o afeto que compartilhamos e que justifica este reencontro e faz dele uma brilhante idéia, uma festa que todos vamos curtir muito; além de tudo isso, o que nos aproximou originalmente foi o sonho compartilhado, essa história da ação política como veículo de transformação social, de construção de um mundo melhor. E aí, haverá esse debate, no dia 20 à noite, cujo tema será “movimento estudantil e ditadura e de que forma aquele momento se desdobra atualmente.”
E eu acho, mesmo, que seria estranho, complicado (sei lá) a gente fazer esta festa toda e não ter ao menos um momento de discussão política minimamente formalizada. Creio que o debate programado vai cumprir essa função e acredito que, de certa forma, o que vamos estar buscando nessa discussão é o que poderia ser o programa político 30 anos depois da galera que construiu a “Construção 78”. Pensei, também, que é melhor dar início logo a essa discussão, para que, quem sabe, ela já chegue no dia 20 com algum amadurecimento, se outras pessoas acharem que vale a pena essa tentativa. Por isso, resolvi escrever este texto em vez daquele outro, que seria mais remissivo à década de 1970.
Antes de dizer qualquer outra coisa, quero esclarecer que, além de não ser cientista político, nem cientista social, nem cientista em coisa alguma, não tenho militância e não tenho participado de discussão política minimamente formalizada há muitos anos, tampouco tenho feito leituras dirigidas, sistemáticas sobre política. Portanto, o que vocês vão ler a seguir (aqueles que tiverem paciência) são meras reflexões de um leigo em tudo.
Bom, como eu estou escalado para fazer parte da mesa do debate que está programado, e como estou assim afastado da atividade política, fiquei pensando o que eu poderia dizer sobre a parte final do tema definido para o debate, ou seja, “de que forma aquele momento se desdobra atualmente”.
Comecei, é claro, a pensar em tudo que mudou, de lá para cá, no Brasil e no mundo. Em como a evolução da história nestes anos afetou as perspectivas da ação política para a esquerda.
Em primeiríssimo lugar, é bom lembrar que “Construção 78” era uma frente bastante ampla. A passagem destes 30 anos, as mudanças na estrutura e na conjuntura (viram só: ainda domino um pouco do nosso jargão setentista), e as diversificadíssimas trajetórias percorridas por cada um de nós desde então certamente fazem que essa frente seja exponencialmente ainda mais ampla em 2009. Concordam?
Logo, o programa político da nossa galera em 2009 haverá de ser bem “frentista”. Em que será que podemos concordar politicamente? Gostaria de conhecer o pensamento de outras pessoas.
Vou lembrar algumas obviedades, mas que, no meu modesto entendimento, são realidades que têm de ser levadas em conta com prioridade em qualquer tentativa de entender o mundo em que vivemos e de investigar as eventuais possibilidades de agir politicamente no sentido de transformá-lo para melhor.
No tempo de vida da nossa geração, verificou-se o pico da curva da explosão demográfica. Só nas últimas décadas e só em determinadas regiões do planeta observou-se o declínio significativo das taxas de crescimento populacional. Também nestas últimas seis décadas, o mundo viveu um período consideravelmente longo de relativa paz e de crescimento econômico. Comparativamente ao mundo em que nascemos, o planeta está muitíssimo mais cheio de gente e vastos contingentes populacionais, especialmente no Hemisfério Norte, mantêm um padrão de consumo, de conforto, de bem estar que jamais poderia ser sequer sonhado em qualquer outra época da história humana. O aumento da população e, principalmente, esse elevado padrão de consumo dos ricos coloca uma pressão brutal sobre os recursos naturais, ameaçando concreta, direta e imediatamente as perspectivas de um futuro viável para a espécie humana. Ao mesmo tempo, a maioria da população mundial continua a sobreviver sem ter acesso ao mínimo necessário para garantir uma vida digna.
Sob esse aspecto, nossas bandeiras de justiça social continuam mais atuais do que nunca, mas adquiriram um matiz radicalmente novo: a luta por uma vida digna para todos está indissociavelmente ligada à luta pela preservação do meio ambiente, pela preservação das condições de vida para a própria espécie humana.
Além disso, parcela essencial do bê-á-bá do marxismo que brandíamos nos anos 70 (não conhecendo sequer o bê-á-bá do dito cujo no meu caso e no de muitos outros) está obviamente superada pelo desenrolar da história. Tome-se o caso do papel revolucionário do proletariado industrial. O capitalismo já superou sua fase industrial e, mesmo na indústria, o avanço tecnológico já reduziu drasticamente as dimensões do proletariado.
Enfim, são reflexões bem genéricas e despretensiosas no sentido geral de que a necessidade de lutar por justiça permanece mais atual do que nunca, mas que o sentido, as condições, os métodos dessa luta têm de ser muito diferentes daqueles que vislumbrávamos e procurávamos utilizar na década de 1970.
O Paulinho Brum aventou a possibilidade de que tirássemos de nosso encontro um posicionamento de repúdio à possibilidade de volta ao Governo Federal dos liberais paulistas. Será que essa bandeira nos unifica? Não sei, não. Será que não há entre nós gente que hoje se identifica com o PSDB? Acho que há militantes do PMDB, e não está de forma alguma afastada a possibilidade de o PMDB aliar-se aos tucanos em 2010. Eu próprio, petista de primeira hora, não me entusiasmo com essa bandeira. Embora considere o Governo Lula, sob certos aspectos, menos ruim que o Governo FHC não vejo uma diferença qualitativa que me leve a pensar que um Governo Serra ou Aécio vá ser muito pior que um Governo Dilma.
Nosso horizonte político na década de 1970 era, na verdade, grandioso, ambicioso. Reivindicávamos melhores condições de ensino, mas estávamos mesmo lutando por um mundo mais justo.
Penso que poderemos encontrar patamares de unidade para um “Programa 2009” da galera da Construção 78 em bandeiras ao mesmo tempo muito ambiciosas e muito genéricas. Arrisco-me a sugerir algumas. Não sei nem se essa discussão tem sentido, se tem chance de levar a algum lugar. Não sei se teria algum sentido tirarmos alguma declaração política do nosso encontro. Mas, afinal, é o encontro de um grupo que, num determinado momento, reuniu-se para agir politicamente. Assim, lanço algumas idéias. Se alguém achar que vale a pena, critique, apóie, acrescente, modifique, restrinja. Enfim, interfira na discussão.
Parece-me que, se fôssemos concentrar ao máximo nossa plataforma política de 30 anos atrás, poderíamos resgatar duas bandeiras. A primeira se desdobra em duas formas: “Abaixo a Ditadura” ou “Pelas Liberdades Democráticas”. E a segunda seria: “Por Justiça Social”.
Se eu fosse elaborar um rol de palavras de ordem, ou de posicionamentos políticos, para este grupo de cidadãos brasileiros que, 30 anos atrás, lutou pelas Liberdades Democráticas e por Justiça Social, eu começaria mais ou menos assim (aberto a qualquer crítica ou questionamento):
-- Pelo fim da fome e da miséria;
-- Pelo fim da guerra;
-- Pelo fim de todas as discriminações injustas;
-- Pelo direito de todos a uma vida digna;
-- Por políticas eficazes de preservação do meio ambiente, as quais, para serem eficazes terão necessariamente um viés de radicalidade que as colocará numa perspectiva anticapitalista e de aprofundamento da democracia;
-- Contra o genocídio do povo palestino;
-- Contra a discriminação das mulheres em qualquer lugar, com destaque para parcelas significativas do mundo islâmico;
-- Pela soberania de todos os povos;
-- Fora EUA do Iraque, do Afeganistão e de Guantánamo;
-- Pela ética na política e pela punição dos corruptos;
E por aí vai.
Enfim, pessoal. Talvez eu esteja “viajando na maionese”. Mas são apenas idéias lançadas a um possível debate sobre onde poderíamos encontrar hoje a unidade política da galera do Construção 78. Creio que, apesar do enorme leque que deve haver em nossas posições políticas atuais, ainda devem existir inúmeros pontos em que nossos posicionamentos coincidem.
No mais, desculpem encher o saco com divagações tão pueris. Aguardo ansioso a oportunidade de encontrar os amigos.
Abraços,
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Por Paulo Brum
Queridos/as camaradas,
As ideologias não morreram, mas o planeta pode morrer.
A luta pelo desenvolvimento sustentável e a conservação da vida na terra incorpora tudo o que discutimos nesses anos todos. A luta contra a pobreza e pelo socialismo igualmente se insere aí. As contradições e problemas do capitalismo criaram outra crise, impensável hà algumas décadas! Mas também os russos, os chineses, cometeram seus crimes ambientais!
A questão passa a ser, então, de modelo de desenvolvimento, ambientalmente sustentável e socialmente justo.
Enquanto nos dividirmos, tentando impor interesses, vaidades, personalismos, os capitalistas da bolsa de valores e de futuros, que sempre defenderam esse sistema sedento e destrutivo, e que agora, na crise, pedem socorro ao estado, nos rodeiam e nos dão uma figa: estamos usando sua poupança, temos o verdadeiro poder, portanto, fodam-se!
Tenho andado e visto muito por aí. Aprendi na leitura de Martin Fierro, meu livro de cabeceira, a sentir a terra e a gente.
Vi que é fácil cercar a área de uma pequeno agricultor do centro-oeste ou da amazônia, que não quer vender sua terra, e queimar a mata em volta à propriedade, soterrar as nascentes, arrancar com correntes e dezenas de tratores as raízes da árvores na madrugada, semear no dia seguinte, impor ao vizinho taxa de passagem para entrar em sua terra cercada, criar uma paisagem lunar, controlada por satélites, internet, gps, etc,etc.
É um tipo de pistolagem mais sofisticada, pessoal, que tem sua base na bolsa de futuros. A tecnologia lhes serve muito bem.
Ainda está por lá, em São Félix do Araguaia, na luta, D. Pedro Casaldaliga, apesar do mal de Parkinson que o atinge, defendendo os pequenos, os indios, e o meio ambiente.
Perdemos o nosso grande guerreiro Adão Preto. Mas, de onde ele caiu, muitos outros surgirão, e a luta continuará, apesar daqueles, os donos da bolsa de futuros e de valores, cuja ganância atua para destruir a vida e o planeta!
Temos, aí em Pelotas, um lutador desses, a quem ainda não prestamos nosso tributo, por sua origem e história de vida: Flávio Coswig!
Diante disso, não há como não ser radical. E continuar na luta, ainda que possa parecer impossível vencer.
Abraços fraternos,
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Por Dirce Siqueira
CONSTRUÇÃO-21
Muitos aqui no grupo, preocupam-se com o nosso meio ambiente.
Após muros e dogmas caídos, teorias e práticas ultrapassadas, as questões socioambientais, levam muitos do mundo inteiro a preocupar-se em derrubar este velho paradigma da força bruta exploradora e buscar um processo para a implantação de um novo modelo ético, humanístico e pacífico para o planeta: o modelo holístico (favor não confundir com misticismo). Ou seja, a busca de um novo paradigma integrador, construtor, cujos instrumentos teóricos já vêm sendo elaborados há mais de quatro décadas, pelo ecos humanistas ocidentais e orientais, tais como os conferencistas internacionais da ONU, que visam estudar, debater e propor novos mecanismos em defesa da eco terra. Entre eles estão Leonardo Boff, Frijot Capra,e outros.
Grande desafio!
E o que sabemos a respeito?
Há a ecologia social, a ecologia radical, a ecologia política, o socioambientalismo - com sua visão sistêmica de integração do homem e natureza, o eco desenvolvimento e por aí vai. Disso tudo, o que nos serve? Como aplicar?Onde e como usar? Como o processo é dinâmico, quais destas teorias estão sendo reformuladas?Quais não servem mais?E as preservações? E os manejos? E a sustentabilidade? Preservação com manejo, sem manejo, ou ambas?
Há uma emergência para a sobrevivência planetária. A causa agora ultrapassa nações, culturas, fronteiras, partidos, e velhas ideologias. É preciso novas práticas de consumo e de postura ética.Temos que sair do método força- bruta para o diálogo. Da guerra para a paz.
Este gigantesco desafio precisa avançar dentro da Ética do Cuidado, proposto pelo Leonardo Boff, e dos termos da Carta da Terra - da qual ele também participa, pré e pós Eco-92.
Como vamos quebrar este velho paradigma do lucro exacerbado? Do consumo? Da violência? Da corrupção? Da democracia capenga e do faz de conta? Da compra direta ou indireta de votos? Utilizando-se do próprio homem como um produto para consumo?Isto tudo também compõe o meio ambiente.
O que vamos deixar para as próximas gerações?A permanência da velha prática do olho por olho, dente por dente? A velha troca de um comando por outro, fazendo tudo igual?
Quanto questionamento é necessário fazermos.
Com raras excessôes, em nome do atraso, um instrumento amplo e global como a Agenda 21, está passando batido no Brasil e no mundo, porque está sendo equivocadamente partidarizado pela nossa geração - conflitando com seus fundamentos básicos que é busca da descentralização, transversalização e interdependência entre homem, natureza e desenvolvimento: A sustentabilidade socioambiental. Tal instrumento ,está sendo ignorado pela maioria da população, o qual poderia dispô-lo dentro da sua própria casa, escola,rua, local de trabalho, porque ele não é só institucional, ele deve ser de todos.É pela soma das atitudes individuais que se atinge o coletivo.Boff fala da solidariedade.A Agenda 21 também.
Então, se levantarmos um dia esta bandeira do socioambientalismo, que nos instrumentalizemos para que não venhamos a repetir as velhas e desintegradoras atitudes, saindo por aí como franco atiradores, como os deep ecologist, da década de 60, que matavam os homens porque estes matavam elefantes. A famosa lei do sangue, da violência.
Se guerra e ódio construíssem alguma coisa para a humanidade, esta estaria gozando de trabalho, saúde, educação, habitação e lazer. O planeta estava com seus ecossistemas saudáveis e os biomas integrais, sem modificação. Como podemos salvar alguma coisa se não conhecemos a fundo o processo pelo qual se deve dar este socorro?Assim, de ouvido? No achismo? Na emoção?Na revolta?
Hoje, “a sociedade” somos todos nós, porque todos nós fazemos parte dessa sociedade. E como temos repetido ou apoiado práticas que combatíamos em nome dessa tal governabilidade!!!
A nova revolução é salvar o planeta,começando pelo quintal da casa. Isto exige esforço, exige educação ambiental ampla, social e irrestrita.Para todos,sem distinção.Começando por cada um de nós.
Educação Ambiental não é uma disciplina isolada que se deva ensinar na escola - embora alguns oportunistas queiram transformá-la. Ela só tem efeito sobre as questões ambientais, quando transversal a todo e qualquer conhecimento, da casa à Universidade,passando pela escola.Só aí haverá a troca de paradigma.Vai custar? Vai.
Nosso papel agora é só começar a mudança de atitudes propostas pelos documentos elaborados nas conferencias internacionais (oriundos de representantes de todos os países), discutí-los em fóruns amplos, abertos às comunidades, adaptá-los às realidades locais, fiscalizando-os na prática dos mesmos, para evitar distorções em seus princípios.
Temos de fortalecer também as instituições e organizações sociais, como o Ricardo Almeida ponderou pra mim. Tá aí mais um tema que o próprio Ricardo poderá discorrer.
As cidades brasileiras estão péssimas. Como urbanista,não tenho orgulho de nenhuma.Ao abrir minha janela me deparo com a sujeira das ruas, com as bocas de lobo entupidas,com as pavimentações mal feitas,com o capim crescendo, as praças abandonadas, poluição sonora, visual,do ar, da água,do homem.Urbanização brasileira do faz de conta.Reforma urbana já! Como já dizíamos em 79! Isto para mencionar a colega Gil, que me lembrou do fato, ontem. Outro assunto para discutir mais tarde.Te habilita, Gil.
Para quem está engatinhando como eu nessas questões, recomendo as leituras básicas:
1) A CARTA DA TERRA (processo sempre aberto)
2) A ÉTICA DO CUIDADO; Leonardo Boff.
3) O PREÂNBULO DA AGENDA 21 GLOBAL;
4) OS 40 CAPITULOS da AGENDA 21 GLOBAL (muitos ainda em aberto).
5) OS Princípios DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL-E A RESOLUÇÃO DE TIBILISH, ETC.
6) A REVISÃO DA CARTA DE ATENAS (em processo)
7) O LIVRO VERDE DA EU (sempre em processo)
8) RUMO AO PARAÍSO: A HISTORIA DO MOVIMENTO AMBIENTALISTA (JOHN MCCORMICK)
9) PRIMAVERA SILENCIOSA, DE RACHEL CARSON.
10) A UNIVERSIDADE PARA O SÉCULO XXI; ERNANI LAMPERT*, EDITORA DA FURG.
*Ernani Lampert, professor da Furg, organizador do livro "A Universidade para o Século XXI", trata com muita propriedade deste tema: a busca da transversalização do conhecimento. Vivemos em um processo de ruptura, um confronto constante entre o velho e o novo paradigma , o que deve ficar e o que se deve descartar em termos de práticas econômicas, políticas, sociais, educacionais e ambientais.Esta ruptura está acontecendo em todo o lugar. Vivemos a inquietação e o conflito do velho pensar/atuar com o novo pensar/atuar. *


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