ESPÍRITO DE CONSTRUÇÃO

Por Ricardo Almeida

"Apesar de você / Amanhã há de ser outro dia. / Ainda pago pra ver / O jardim florescer / Qual você não queria." - Chico Buarque

Sonhos, acredite neles... Lembram? Pois eu acredito que além dos sonhos, duas das nossas principais virtudes naqueles anos foram conviver na diversidade e atentar para a organização das entidades. Claro que existiam muitas contradições, equívocos e polêmicas, mas existia um "espírito de construção"... Lembro que logo após o Congresso de Reconstrução da UNE (79) percebemos que precisávamos programar atividades para o ano inteiro. Aí, criamos um plano que acabou ficando mais ou menos assim: no começo teriam as "Calouradas" (teve ano que as pessoas eram orientadas já na rodoviária), depois viriam os shows, as semanas de arte, as assembléias, os encontros estudantis e as festas juninas. A "boate" da leiga, a odonto, o sanatório serviam para extravasar o nosso merecido prazer, mas também para patrocinar tudo aquilo. As Semanas Acadêmicas acabavam se constituindo num tipo de coroamento do ano, pois canalizavam toda aquela energia do "processo", para um debate mais profundo sobre temas específicos e gerais, sempre buscando uma visão politizada e contextualizada. Só para lembrar, vejam algumas das primeiras reflexões que fizemos juntos: as fotos/poesias do Pedro Tierra (Com textos de Dom Pedro Casaldáglia?). A exibição do filme Derzu Uzala, no Pelotense. O show do Moleque Gonzaguinha (no Ginásio do Círculo Operário?) e a belíssima montagem dos Saltimbancos, no Guarany. As canções do Vitor Ramil, dos Tapes, do Big, do Jorge Fontoura, do Ricardo Oliveira, entre outros... As exposições de livros e a venda de jornais (Opinião, Movimento, Versus, CooJornal, O Trabalho, Em Tempo, Voz da Unidade, Tribuna, etc. ). Mas sem esquecer dos trabalhosos jornais de cada curso (Teodolito, Alicerce, Ronco, entre outros). Foi mais ou menos assim que conseguimos diminuir tantas distâncias culturais e colaboramos para o fim de muitos preconceitos latentes entre nós, principalmente em relação as mulheres, negros, índios e sexualidades. Depois disso, as programações foram se sofisticando (Lembro do Maurício Tratemberg e do Moacir Gadotti) e se tornaram uma atividade quase que "natural" das entidades. Não sei como estará hoje em dia... Alguém lembra de outras?

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