Este blog é fruto de um reencontro de velhos(as) amigos e amigas que por vários motivos se espalharam pelo Brasil e pelo mundo, mas que a paixão e a internet permitiram reaproximar e resgatar histórias sobre as suas diferentes experiências e vivencias a partir das suas atuações no M.E. de Pelotas, desde o ano de 1978. A nossa ideia é mantê-lo vivo, ou seja, numa (re)construção coletiva e permanente.
Os conteúdos dos textos são de responsabilidade dos seus autores(as).
É SINAL QUE VALEU!!!
TRANSVERSAL DO TEMPO
NADA SERÁ COMO ANTES...
OUTRA CANÇÃO ATRAVESSOU O TEMPO...
VIVA LA NEGRA MERCEDES SOSA
OS MELHORES COMERCIAIS DA TV
11 DE SETEMBRO (de Ken Loach)
O FIM DA GUERRA FRIA E A NOSSA HERANÇA
BBC: A HISTÓRIA DA REDE GLOBO
UMA PESQUISA ACADÊMICA?
Estou bastante admirado com a repercussão que está tendo esse debate (acho que liberamos uma "energia" muito forte). Ainda bem. Não estou em casa nesse momento, mas terça feira pretendo mandar a todos a relação que tenho de contatos com ex militantes (tanto os que tenho endereços quando os que não tenho) para que todos possam opinar e colocar outros nomes como já vem ocorrendo. Existe muitos nomes de outros períodos ou até mesmo que não tem nada a ver com esse debate (Cacau na Católica, Tramontin na Federal) mas que para meu trabalho eu vou precisar contatar. No entanto podemos acrescentar outros nomes daquela lista.
A ORIGEM DO REENCONTRO
Sinto-me tomado por uma profunda alegria e emoção com o rumo e a proporção que tomou essa reunião.
CHAPA DCE UFPEL "FAZ A HORA"
A RESISTÊNCIA DEMOCRÁTICA
"O importante é que a nossa emoção sobreviva" - Eduardo Gudin e P.C.Pinheiro
A VÉSPERA
O apartamento do Gastalzinho na volta da Praça estava totalmente lotado, não saberia dizer o nome de todos, mas muitos rostos conhecidos.
Era a última reunião para os acertos finais antes da manifestação na Pc. do Direito que seria na manhã seguinte.
Já era de conhecimento de todos que se alguém tentasse falar seria preso imediatamente. Um grupo sugeriu que cancelassemos o evento, não vou citar nomes para não criar mais polêmica. Democráticamente fizemos uma votação e por grande maioria decidimos ir em frente.
Passamos então a discutir coisas práticas, como procederíamos ao chegar, quem iria se manifestar, lembro que o Gastalzinho iria abrir os trabalhos e a Flavinha iria falar sobre a "arte engajada", tinha mais gente inscrita para falar mas não recordo.
Mais tarde chega o Dr. João Carlos Gastal, como bom trabalhista, possivelmente vinha do restaurante Johnny's Drinks, na época na rua Voluntários entre Anchieta e Quinze, tradicional reduto do que se chamava "autênticos" do MDB.
Todos silenciaram para ouvir suas palavras de incentivo, coragem e experiência, foi um momento fantástico.
Antes de ir embora o Dr. Gastal melancolicamente olhou um relógio parado, que estava na parede da sala e comentou que depois que ele foi embora ninguem mais se importou em dar corda nele. Lembro que puxou uma cadeira, subiu, deu corda e acertou os ponteiros.
Ao decer da cadeira deixou cair de seu bolso um revolver, jamais esquecerei do Adãozinho pegando a arma pela alça de mira com o polegar e o indicador, e entregando ao dono dizendo: "O sr. deixou cair isso dr."
Bom, seguiu a noite agora com várias discusões paralelas, e alguém observou que os "fusquinhas" preto e branco da polícia rondavam a quadra.
Impressionante, olhando da janela do apartamento parecia um carrosel, eram vários andando em circulo em nossa volta.
Alguém sugeriu que ficassemos a noite toda lá, o que prontamente foi aceito. Iriámos na manhã seguinte direto para a Praça.
Um grupo foi para a cozinha fazer um carreteiro, outros cuidavam das bebidas, lembro do negão Claudiomiro com uma garrafa de uisque na mão, solenemente olhava para ela e repetia: "chivas, chivas..."
Esta experiência noturna foi narrada depois no Jornal O Que É, pelo Cavalheiro, acho que ele era jornalista, não lembro, nunca mais ouvi falar dele.
Na manhã seguinte saimos dois a dois, prática comum para evitar sumiços, e o resto já foi contado aqui, ninhos de metralhadora no telhado, guarnições acantonadas no quartel de bombeiros, eles também passaram a noite se organizando.
O ATO
- Na primeira foto, além do Gastal, aparecem ao fundo o Coelhinho, Paulinho Nogueira e o Maurício Polidori, no canto à direita.
- Na segunda foto, o Dep. João Carlos Gastal, de costas. O Claudiomiro, em pé, o Valdecir, no canto à direita, o André Hipólito, abaixo do Claudiomiro, embaixo à esquerda estão a Nelfai (viúva do Renê Dutra), a Bitisa (de touca, rindo).e o Adão, sentado com cigarro na boca. Mais o Carlos Ari e o Ernani Ávila, ao fundo em pé, a Ivone Machado – 1ª sentada, à direita, aplaudindo e rindo.
Na terceira foto, a Bebete, irmã do Gastal e o Mickey.
Por Bitisa Mascarenhas
Minhas lembranças do ato na praça do Direito são de outra natureza, e só por isso acho que podem ser interessantes. Esse dia teve para mim uma importância pessoal que foi fundamental e definidora. Foi o dia em que escolhi um lado, ou o dia em que mudei de lado.
Na véspera, enquanto vocês se organizavam, eu dormia tranquilamente, sem idéia do que estava acontecendo e por acontecer. Também não tinha uma compreensão minimamente alinhavada do que acontecia no país. Em 77 eu tinha 20 anos e estava no 2º ano de Direito. Em 76, quando entrei, fui “encaminhada” pelo meu amigo Tom Fetter – este mesmo que hoje é o prefeito de Pelotas – para um seu amigo e correligionário que era então presidente do DA: chamava-se Airton, apelido Catarina (era de Lajes), e foi meu primeiro namorado na vida universitária – tive muitos. Imediatamente passei a integrar a equipe do DA como – surpresa! – secretária. Penso que simplesmente fui convidada, aceitei, porque achei o máximo ser de um organismo estudantil, e fui absorvida. Não tenho nenhuma memória da atuação desse grupo naquela entidade naquele momento.
No dia do ato – quando foi? Em abril? Maio talvez? – fui pra faculdade assistir aulas. Os acontecimentos daquela manhã me deixaram de frente pra uma realidade que até então era pra mim distante, difusa e confusa. A violência repressiva do aparato policial-militar cercava minha praça, minha escola, meus colegas, outros estudantes que eu não conhecia. Algumas pessoas – colegas, professores – olhavam de fora, das escadarias e das janelas da faculdade. Eu não pude ficar nas escadas. Simplesmente eu soube ali, numa intuição libertária que explodiu dentro de mim, o que era justo, o que era certo, o que era bonito. Escolhi o meu lado e desci pra praça. Não foi nenhuma decisão baseada na minha consciência política, que era zero. O que me levou foi puro impulso, emoção, indignação, o meu sentido de justiça.
Minha tomada de posição provavelmente teria se dado de qualquer modo, mais tarde. Acho que sempre tive uma alma libertária. O que me faltava era informação. Fico feliz que tenha se dado mais cedo – naquele ato, na praça do Direito, ainda no início de 77. Por ter sido então, pude viver em profundidade a retomada do movimento estudantil em Pelotas e no Brasil, as lutas políticas daquele período, a construção do saudoso Partido dos Trabalhadores logo após. Quanta coisa eu teria perdido se tivesse demorado um pouco mais a querer compreender. Talvez tivesse perdido até mesmo a possibilidade de estar hoje aqui, com vocês parte deste grupo.
Por Paulo Brod Nogueira
Bitisa, tanto tempo convivemos e eu te tinha como parte integrante da organização daquele ato. Esse teu relato é,pra mim, mto bonito e revelador mas, sobretudo, emocionante por resgatar o estado de consciência onde nos encontrávamos, que não era mto diferente entre os que estavam dentro ou fora da praça. Como disseste, bastou um momento para te encontrares identificada...como de certo aconteceu em akgum momento, antes, durante ou depois (não importa), com todos nós.
A MEMÓRIA E A DESMEMÓRIA
UMA VISÃO DIFERENTE
Eu estava presente na manifestação como cidadão, apenas como assistente. Eu era tenente, mas não estava a serviço. Naquela ocasião eu já era professor da Universidade e muitos dos que estavam ali presentes
eram meus alunos na Prática Desportiva, que naquela época era obrigatória. Nunca concordei com aquela decisão. Foi uma violência. Não tive absolutamente nenhuma intervenção e muito menos pratiquei qualquer ação de apoio aquele ato. Foi aquela ação que me motivou a solicitar afastamento da BM. Exatamente após aquele episódio solicitei licença da Brigada para tratar de interesses particulares e nunca mais voltei. Quem comandava aquela ação era o Capitão Luis Carlos da Fonseca, que depois foi expulso da Brigada. (...)
Na época o comandante da 1ª Cia, responsável por isso, era o Cap PM Luis Carlos da Fonseca, "o Fonsequinha". Eu era tenente ainda e já era professor da UFPel (ESEF). Estava presente naquele ato. Mas não estava a trabalho. Assisti tudo, do lado de fora, sem nenhum protagonismo. Naquela época eu era muito
ingênuo e não entendia nada sobre ideologia política. Mas não gostei da forma como o Fonsequinha tratou da questão. No momento em que o Gastal tomou o microfone para se manifestar, foi impedido e preso. Foi o comandante da operação que tomou a iniciativa de avançar, imobilizar e conduzir o Gastal.
Os estudantes estavam sentados no chão da praça em torno da bandeira nacional, assistindo as falas. Pelo que lembro os estudantes não fizeram nada de violência. Apenas cantaram o Hino do Brasil, de forma pacífica, sem
agressões. Aquele episódio me levou a refletir, duvidar e até contestar os ensinamentos sobre "subsersão", "tumulto" e "ordem". Na ocasião fiquei muito chocado e "desnorteado". Em seguida, um ou dois meses depois, me afastei da BM e saí para o mestrado no Rio. Lá descobri o PT (em processo de fundação), aprendi outras versões sobre a ditadura e democracia, li muitas coisas e assumi explicitamente a minha opção militante a partir de um referencial de esquerda. Em 1980 comecei as minhas primeiras leituras do Capital. Em 1982 comecei a militar publicamente no PT, na campanha do Olívio Governador e Frank/Helen para Prefeito de Pelotas.
REPRESSÃO NO CONE SUL
Não lembro o ano, mas fizemos a apresentação do filme 25, de José Celso Martinez, sobre a Independência de Moçambique. Foi no anfi-teatro do Gonzaga (?)... Tudo uma maravilha até que, ao final da apresentação, ficamos sabendo que uma francesa da equipe que trouxe o filme estava levantando informações sobre a repressão no Cone Sul e tinha sido identificada pelas "forças da repressão" uruguaias. Ela estava num hotel do Chuí uruguaio, mas quase sem contato com a equipe (lembrem que ainda não existia celular e nem internet), e não conseguia atravessar a fronteira, pois podia ser presa. Até hoje, não sei bem toda aquela história e no que que deu... O engraçado é que reunimos todo o pessoal que estava por ali e fomos para o apartamento do Glauco e da Nadija, que era quase que um "aparelho" de planejamento e ação em Pelotas (assim como outros aptos. e casas que se abriam). Escutei atentamente os discursos e discordei logo de cara, pois achava que muitos estavam tratando do caso como se fosse um filme do James Bond. Eu estava acostumado em atravessar a fronteira, pois vivi quase toda a minha infância e juventude em Livramento-Rivera, e percebia que a questão era muito mais simples do que alguns argumentavam. Não deu outra: me indicaram (hehehe), junto com o Flávio Coswig para irmos até lá. Depois, pegamos a Adalgisa e, ainda de madrugada, partimos no carro do Flávio para o Chuí. Lá estariam esperando o seu Elon e a dona Eni, pais do Glauco e da Nadija (grandes pessoas, que merecem um capítulo só para eles). Eles eram muito conhecidos pelos guardas da alfândega e se dispuseram a correr aquele risco. Combinamos tudo, inclusive se desse problemas: Seu Elon, dona Eni (um casal) e eu atravessaríamos a fronteira e eu desceria no hotel Casino, onde ela estava hospedada. Aconteceu mais ou menos o seguinte ao chegar na portaria: - Buenos dias, señor... La Señora Beatrice, por favor... etcetera e tal... O porteiro me indicou o número do quarto e eu segui em frente. Bati na porta e ela foi aberta por uma linda loira francesa... Entreguei o bilhete que haviam me dado e ela me disse, com um sotaque afrancesado:
- Parrece un film du James Bond.... Hehehehe
Eu era tímido pra casseta, mas tudo isso ficou gravado na minha memória.
Atravessamos tranquilamente a fronteira... Sempre conversando, para não chamar atenção.. . Ela fumava o tempo todo (sem parar)...
Até chegarmos novamente em Pelotas...
A PROPAGANDA
O Coelinho (med) comprou uma velha impressora off-set com o dinheiro arrecadado na boite da Leiga. Fui convidado por ele e assumi a incumbência de imprimir os panfletos contra a ditadura a serem distribuídos dia 31 de março. Entre outras coisas, ele tratava de culpar a repressão militar pela morte do estudante secundarista Edson Luiz em São Paulo, numa manifestação estudantil. Fomos avisados (na Leiga, onde encontrava-se a off-set), por um telefonema, que os milicos estavam vindo nos prender. Colocamos os panfletos e a off-set no fusca do Vagareza, fomos até a praça Cel. P. Osório e, como eu tinha a chave do lago da praça onde eram guardadas ferramentas de jardinagem, apanhei uma pá e uma picareta. Fomos até o laranjal, ensacamos os panfletos em sacos de lixo de plástico azul claro e lacramos com fita crepe, abrimos um buraco na areia da praia, colocamos os panfletos e cobrimos com areia. Fizemos um mapa do local. A off-set foi levada para meu apartamento (que ironicamente era na vila militar). Os Teodolitos e outros materiais passaram a ser impressos na off-set. Um ano após desenterramos os panfletos e distribuímos, no dia 31 de março.
Por Ricardo Almeida
Entrei para o movimento estudantil como um bom “pintor de faixas”. Acho que é assim que todos entram em uma nova organização: com humildade e dedicação total, para logo conseguir a aceitação do grupo. É que eu tinha um pouco de familiaridade com os pincéis e essa era a melhor forma que encontrei para colaborar com aquele processo novo e ousado. Lá em Livramento a gente agitava bastante, mas era no campo das artes e da cultura. Antes disso, havia sido vice-presidente do meu grêmio estudantil e a minha turma de amigos costumava promover eventos pela cidade. Um deles, lembro, foi a Semana de Artes, que levávamos arte para os bairros da “periferia”. Ou seja, eu já tinha um pouco de vontade política e experiência, e isso me facilitou bastante na minha chegada a Pelotas. Mas o melhor de tudo é que logo encontrei o Leo Venzon, um propagandista de primeira grandeza, que fazia jornais, cartazes, faixas, piruetas e tudo que fosse necessário para divulgar as nossas idéias. Ou melhor, quase tudo! Ele era ousado mesmo! Só para dar uma idéia: na véspera das eleições de 78 o campus amanheceu coberto de verdadeiros outdoors da chapa Construção. O Leo e eu (não lembro se havia mais pessoas) acordamos cedo e fomos para o campus com uma escada e uma pilha de cartazes da chapa (aquele com as mãos e os tijolos, feito pelo Lúcio Vaz). Escolhemos as melhores paredes... E nelas fizemos uma composição de cartazes que resultava na palavra “DCE”. Uma maravilha de resultado estético que já mostrava uma grande diferenciação e capacidade de convencimento. Vocês lembram das paredes do RU? Elas davam para todos os lados... Estavam de frente para quase todos os prédios do campus. Na chegada dos ônibus, aquilo se transformou num belo elemento “surpresa”, que só podia surgir de uma cabeça super criativa. Grande Leo Venzon!
Até hoje tento definir o peso que aquela ação deve ter tido no resultado das eleições, pois lembro que o resultado foi super apertado e dependeu da defesa intransigente dos votos da Educação Artística (Que eram nossos!)
A MISSA
Por Fernando Grassi
Lembro da missa (clandestina) em memória dos dez anos da morte do estudante Edson no restaurante Calabouço. Marcada para ser realizada na Capela do São José para lá fui e encontrei apenas dois companheiros no portão da escola que estava fechado (acho que um deles era o Gastal). Estes estavam ali para informar que na verdade o evento seria realizado naquela capela localizada na Gonçalves Chaves entre Princesa Isabel e Butuí. As viaturas da polícia e umas Veraneios suspeitíssimas rondavam o colégio das freiras. Enquanto isso o pessoal, a grande maioria ateu, cantava fervorosamente na missa a música "Prá Não Dizer Que Não Falei DasFlores". O São José e os companheiros que lá estava eram apenas bois de piranha. O que mais adorei neste episódio nem foi o ato em si, mas termos conseguido passar os gorilas para trás. Deve ter escorrido uma baba verde do canto da boca do De Bem.
Prá Não Dizer Que Não Falei do Flores - embora sem protagonismo algum, apenas como mero assistente, estive no ato da praça do direito e presenciei as prisões (pensei que era mais de uma).
OS "ASTRONAUTAS" DA REPRESSÃO
Por Ricardo Almeida
Eram tempos difíceis e eu estava apenas entendendo o que era uma ditadura.
Por Maurício Polidori (Fotos e textos)
ASSEMBLÉIA GERAL NO BENTO FREITAS
Aos poucos, o pessoal ia se acomodando na arquibancada do Estádio Bento Freitas (Xavante). Foram aproximadamente 3.500 pessoas na Assembléia.
NEM TUDO ERA SUBVERSÃO...
Este episódio aconteceu possivelmente alguns dias antes da manifestação na praça do direito, para facilitar a compreensão de quem não viveu aquela época, vou explicar algumas coisas antes de iniciar a história: naquela época era preferível a polícia te apanhar com um cigarro de maconha do que com o que eles chamavam "material subversivo" (bárbaro o termo né?), a convocação para o encontro na praça do direito era feita através de folhetos, impressos do jeito que se podia, e passado de mão em mão, saiamos para rua com tais folhetos e discretamente iamos entregando, obviamente a polícia (sempre bem informada) sabia disso tudo. O fusca era a viatura oficial dos "ratos" naquela época, (estou postando junto um comercial para tv do fusca, de 1951, quando a polícia de São Paulo começou a usar os carrinhos, e logo todo o país, creio que para visualizar se clica em arquivos na barra a esquerda da nossa página). O Vagareza como não era de Pelotas alugou um imóvel para morar e o pai do nosso amigo Alberto (Magrão) Llanos (medicina) foi o avalista no contrato de locação.
Era um fim de tarde, como de costume a gente se reunia para tomar mate e fumar "uma" geralmente na barragem onde dava para se ver o pôr do sol.
Eu morava na Anchieta ente Neto e Voluntários, e o Magrão Llanos com o Barata passaram lá para me pegar num chevette branco, assim que eu entrei no carro, encostou do lado o Vagareza (acho que o Peninha estava junto)na sua brasilia laranja. Com os carros emparelhados o Magrão passou pela janela o contrato de locação já assinado pelo pai dele, o Vagareza pegou e seguimos o nosso rumo.
Ao chegarmos na esquina da Neto fomos fechados por um fusquinha preto e branco, com o nosso caminho bloqueado tivemos que parar, nem vi como, mas dois ou tres "ratos" nos apontando armas (um deles tinha uma metralhadora INA, que anos mais tarde tive oportunidade de experimentar)estavam em nossas janelas e um deles já tinha pego o papel que foi passado de um carro para outro. Não esqueço a expressão de dificuldade do "rato" que estava procurando entender o que estava escrito no papel, lia como se estivesse juntando as letrinhas, e nós paralizados, assim que ele se deu conta que o documento era um inofensivo contrato de locação(a impressão que tive é que se passaram horas)ficou visivelmente decepcionado, devolveu para o Vagareza e para não perder a "pose" olhando sério para todos nós... Disse em tom ameaçador: "Tomem cuidado!!!"